domingo, 20 de janeiro de 2008
E O VERBO SE FEZ CARNE
E então vieram dias nos quais mais que nunca, havia uma aura de
expectação em toda a Natureza e um mudo e singular anseio no coração dos
homens.
As vozes dos profetas tinham soado, advertindo todo o mundo sobre o
advento miraculoso e até mesmo o local do divino nascimento já estava
determinado, como vimos por Miquéias, da Palestina, e pelo
Barta-Chastran, da índia.
Estava-se no século de Augusto, sob um pleno reinado de paz e de glória.
O espírito dos dominadores saciado de vitórias e derrotas, repousava...
Floresciam as artes, a literatura, a indústria e o comércio, e a charrua
arroteava os campos fecundos, conduzida pelas mãos rudes e calejadas dos
guerreiros inativos.
Em todos os lares, plebeus ou patrícios, as oferendas votivas se
acumulavam nos altares engalanados dos deuses penates.
Os templos sagrados de Marte tinham, enfim, cerrado suas portas; e as
naves romanas trirremes, ao cantar monótomo e doloroso dos escravos
remadores, sulcavam, altivas, os verdes mares latinos, pejadas de
mercadorias pacíficas vindas de todos os portos do globo.
Na Roma imperial os dias se levantavam e se deitavam ao esplendor
bárbaro e fascinante das diversões infindáveis dos
anfiteatros repletos; e, sob a segurança das multidões apaziguadas pelo
aroma do pão de trigo, bendito e farto, que não faltava mais em nenhum
lar, o César sobrevivia...
Saturado de glória efêmera e apoiado nas suas legiões invencíveis, e
senhor do mundo, recebia, indiferente e entediado, as homenagens e as
reverências de todas as nações que conquistara.
A ordem romana, a lei romana, a paz romana, sem contestadores, imperavam
por toda parte.
Mas, inexplicavelmente, envolta a essa atmosfera de alegria e de
abundância soprava, não se sabendo donde vinha nem para aonde ia, uma
aragem misteriosa e indefinível de inquietação intima e de ansiedade, de
temor insólito e de emoção.
Rumores estranhos circulavam de boca em boca, de cidade em cidade, nação
em nação, penetrando em todos os lares e corações; uma intuição
maravilhosa e profunda de alguma coisa extraordinária que estava para
acontecer, que modificaria a vida do mundo.
Olhos interrogadores se voltavam de contínuo para os céus, perscrutando
os horizontes em busca de sinais e evidências desse acontecimento
surpreendente que se aproximava.
As sibilas, oráculos e adivinhos eram consultados com mais freqüência e
os homens idosos, de mais experiência e bom conselho, eram procurados e
ouvidos com mais respeito e reverência.
Foi quando Virgílio escreveu esta profecia memorável, que tão depressa
viria a ter cumprimento:
- "Vede como todo o mundo se abala, como as terras e
os vastos mares exultam de alegria, com o século que vai começar!...
O Infante governará o mundo purificado... a serpente perecerá."
E, logo em seguida, como inspiradamente revelando a verdade:
- "Chegam, enfim, os tempos preditos pela sibila de Cumes: vai se abrir
uma nova série de ciclos; a Virgem já volve ao reino de Saturno; surgirá
uma nova raça; um novo rebento desce do alto dos céus."
E o grande dia, então, surgiu, quando o César desejando conhecer a soma
de seus inumeráveis súditos, determinou o censo da população de todo o
seu vasto império.
Então, José, carpinteiro modesto e quase desconhecido, da pequena vila
de Nazaré, na Galiléia dos Gentios e natural de Belém, tomou de sua
esposa Míriam - que estava grávida -
e empreendeu a jornada inesquecível. Por serem pobres e humildes,
aceitaram o auxílio de amigos solícitos e abrigaram-se em um estábulo de
granja. Ali, então, o grande fato da história espiritual do mundo
sucedeu.
Aquele que devia redimir a humanidade de seus males foi ali exposto,
envolto apressadamente em panos pobres e seus primeiros vagidos foram
emitidos em pleno desconforto, salvo o que lhe vinha da desvelada
assistência dos seus genitores; o mesmo desconforto, aliás, que O
acompanharia em todos os dias de sua vida, que O levou a dizer mais
tarde, já em pleno exercício de sua missão salvadora: "o Filho do Homem
não tem onde repousar a cabeça."
O espírito glorioso e divino deu assim ao mundo, desde o nascer, um
exemplo edificante de humildade e de desprendimento; o desejado de todos
os povos, o reclamado por todos os corações e anunciado por todos os
profetas, em todas as línguas do mundo, então conhecido, nasceu, assim,
quase ignorado numa casa humilde para que o Evangelho que ia mais tarde
pregar, de renúncia e de fraternidade, recebesse d'Ele mesmo, desde os
primeiros instantes, tão patético e comovente testemunho.
pois, cumprida: Ele desceu, o Divino Senhor, ao seio ignaro e impuro da
massa humana terrestre, para trazer o auxílio prometido para redimir com
sua presença, sua exemplificação e seus ensinamentos sublimes, as duas
raças de homens, a da Capela e a da Terra que, no correr dos tempos,
mesclaram, confraternizaram e partilharam os mesmos sofrimentos,
angústias e esperanças.
Emocionante momento esse!...
A estrela dos sacerdotes caldaicos se levantara no horizonte; o Verbo se
fizera carne e, descendo à terra, habitara entre os homens.
O Sol, em seu giro fecundante, gloriosamente entrava em Peixes, e a
ampulheta do tempo, nesse instante, marcou o encerramento de um ciclo
que teve início, como já vimos, com a depuração espiritual do mundo,
após a comunhão de espíritos do céu e da terra, a queda de uns servindo
à -elevação de outros, visando à unidade, que é a consumação fundamental
da criação divina
Também marcou a abertura de um outro ciclo, em que os frutos dos
ensinamentos trazidos pelos Enviados do Senhor e por Ele próprio
ratificados e ampliados, quando entre os homens viveu, brotassem,
fecundos e promissores, da árvore eterna da vida, para que a evolução da
humanidade, daí por diante, se desenvolvesse em bases morais mais
sólidas e perfeitas.
A promessa feita nos páramos etéreos da Capela estava,
pois, cumprida: Ele desceu, o Divino Senhor, ao seio ignaro e
impuro da massa humana terrestre, para trazer o auxílio
prometido, para redimir com sua presença, sua exemplificação
e seus ensinamentos sublimes, as duas raças de homens, a da
Capela e a da Terra que, no correr dos tempos, mesclaram,
confraternizaram e partilharam os mesmos sofrimentos,
angústias e esperanças.
expectação em toda a Natureza e um mudo e singular anseio no coração dos
homens.
As vozes dos profetas tinham soado, advertindo todo o mundo sobre o
advento miraculoso e até mesmo o local do divino nascimento já estava
determinado, como vimos por Miquéias, da Palestina, e pelo
Barta-Chastran, da índia.
Estava-se no século de Augusto, sob um pleno reinado de paz e de glória.
O espírito dos dominadores saciado de vitórias e derrotas, repousava...
Floresciam as artes, a literatura, a indústria e o comércio, e a charrua
arroteava os campos fecundos, conduzida pelas mãos rudes e calejadas dos
guerreiros inativos.
Em todos os lares, plebeus ou patrícios, as oferendas votivas se
acumulavam nos altares engalanados dos deuses penates.
Os templos sagrados de Marte tinham, enfim, cerrado suas portas; e as
naves romanas trirremes, ao cantar monótomo e doloroso dos escravos
remadores, sulcavam, altivas, os verdes mares latinos, pejadas de
mercadorias pacíficas vindas de todos os portos do globo.
Na Roma imperial os dias se levantavam e se deitavam ao esplendor
bárbaro e fascinante das diversões infindáveis dos
anfiteatros repletos; e, sob a segurança das multidões apaziguadas pelo
aroma do pão de trigo, bendito e farto, que não faltava mais em nenhum
lar, o César sobrevivia...
Saturado de glória efêmera e apoiado nas suas legiões invencíveis, e
senhor do mundo, recebia, indiferente e entediado, as homenagens e as
reverências de todas as nações que conquistara.
A ordem romana, a lei romana, a paz romana, sem contestadores, imperavam
por toda parte.
Mas, inexplicavelmente, envolta a essa atmosfera de alegria e de
abundância soprava, não se sabendo donde vinha nem para aonde ia, uma
aragem misteriosa e indefinível de inquietação intima e de ansiedade, de
temor insólito e de emoção.
Rumores estranhos circulavam de boca em boca, de cidade em cidade, nação
em nação, penetrando em todos os lares e corações; uma intuição
maravilhosa e profunda de alguma coisa extraordinária que estava para
acontecer, que modificaria a vida do mundo.
Olhos interrogadores se voltavam de contínuo para os céus, perscrutando
os horizontes em busca de sinais e evidências desse acontecimento
surpreendente que se aproximava.
As sibilas, oráculos e adivinhos eram consultados com mais freqüência e
os homens idosos, de mais experiência e bom conselho, eram procurados e
ouvidos com mais respeito e reverência.
Foi quando Virgílio escreveu esta profecia memorável, que tão depressa
viria a ter cumprimento:
- "Vede como todo o mundo se abala, como as terras e
os vastos mares exultam de alegria, com o século que vai começar!...
O Infante governará o mundo purificado... a serpente perecerá."
E, logo em seguida, como inspiradamente revelando a verdade:
- "Chegam, enfim, os tempos preditos pela sibila de Cumes: vai se abrir
uma nova série de ciclos; a Virgem já volve ao reino de Saturno; surgirá
uma nova raça; um novo rebento desce do alto dos céus."
E o grande dia, então, surgiu, quando o César desejando conhecer a soma
de seus inumeráveis súditos, determinou o censo da população de todo o
seu vasto império.
Então, José, carpinteiro modesto e quase desconhecido, da pequena vila
de Nazaré, na Galiléia dos Gentios e natural de Belém, tomou de sua
esposa Míriam - que estava grávida -
e empreendeu a jornada inesquecível. Por serem pobres e humildes,
aceitaram o auxílio de amigos solícitos e abrigaram-se em um estábulo de
granja. Ali, então, o grande fato da história espiritual do mundo
sucedeu.
Aquele que devia redimir a humanidade de seus males foi ali exposto,
envolto apressadamente em panos pobres e seus primeiros vagidos foram
emitidos em pleno desconforto, salvo o que lhe vinha da desvelada
assistência dos seus genitores; o mesmo desconforto, aliás, que O
acompanharia em todos os dias de sua vida, que O levou a dizer mais
tarde, já em pleno exercício de sua missão salvadora: "o Filho do Homem
não tem onde repousar a cabeça."
O espírito glorioso e divino deu assim ao mundo, desde o nascer, um
exemplo edificante de humildade e de desprendimento; o desejado de todos
os povos, o reclamado por todos os corações e anunciado por todos os
profetas, em todas as línguas do mundo, então conhecido, nasceu, assim,
quase ignorado numa casa humilde para que o Evangelho que ia mais tarde
pregar, de renúncia e de fraternidade, recebesse d'Ele mesmo, desde os
primeiros instantes, tão patético e comovente testemunho.
pois, cumprida: Ele desceu, o Divino Senhor, ao seio ignaro e impuro da
massa humana terrestre, para trazer o auxílio prometido para redimir com
sua presença, sua exemplificação e seus ensinamentos sublimes, as duas
raças de homens, a da Capela e a da Terra que, no correr dos tempos,
mesclaram, confraternizaram e partilharam os mesmos sofrimentos,
angústias e esperanças.
Emocionante momento esse!...
A estrela dos sacerdotes caldaicos se levantara no horizonte; o Verbo se
fizera carne e, descendo à terra, habitara entre os homens.
O Sol, em seu giro fecundante, gloriosamente entrava em Peixes, e a
ampulheta do tempo, nesse instante, marcou o encerramento de um ciclo
que teve início, como já vimos, com a depuração espiritual do mundo,
após a comunhão de espíritos do céu e da terra, a queda de uns servindo
à -elevação de outros, visando à unidade, que é a consumação fundamental
da criação divina
Também marcou a abertura de um outro ciclo, em que os frutos dos
ensinamentos trazidos pelos Enviados do Senhor e por Ele próprio
ratificados e ampliados, quando entre os homens viveu, brotassem,
fecundos e promissores, da árvore eterna da vida, para que a evolução da
humanidade, daí por diante, se desenvolvesse em bases morais mais
sólidas e perfeitas.
A promessa feita nos páramos etéreos da Capela estava,
pois, cumprida: Ele desceu, o Divino Senhor, ao seio ignaro e
impuro da massa humana terrestre, para trazer o auxílio
prometido, para redimir com sua presença, sua exemplificação
e seus ensinamentos sublimes, as duas raças de homens, a da
Capela e a da Terra que, no correr dos tempos, mesclaram,
confraternizaram e partilharam os mesmos sofrimentos,
angústias e esperanças.
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