domingo, 20 de janeiro de 2008

GÊNESE MOSAICA

A Gênese é o primeiro livro, de uma série de cinco, por
isso mesmo denominado Pentateuco, escrito por Moisés, em
épocas diferentes da sua longa e trabalhosa peregrinação
terrena.
Para muitos historiadores e exegetas, Moisés não
escreveu pessoalmente estes cinco livros, mas somente o
primeiro; seus ensinamentos, segundo dizem, foram deturpados
e acomodados pelo sacerdócio hebreu, segundo suas
conveniências de dominação religiosa, exatamente como
aconteceu e ainda acontece com os ensinamentos de Jesus.
A Gênese trata da criação do mundo e dos primeiros
acontecimentos; historia as primeiras gerações do povo hebreu
e os fatos que com ele se deram até seu estabelecimento no
Egito.
Quanto aos demais, a saber: Êxodo, Levítico, Números e
o Deuteronômio narram os episódios da libertação do cativeiro
egípcio, das marchas e acontecimentos que, a partir daí, se
deram até a chegada à terra de Canaã, como também da
legislação, dos ritos, das regras de administração e do culto,
que o grande Enviado estabeleceu como norma e diretrizes para
a vida social e religiosa desse povo.
Por essas obras se vê que Moisés, além de sua elevada
condição espiritual, era, por todos os respeitos, uma
personalidade notável, admirável condutor de homens, digno
da tarefa planetária que lhe foi atribuída pelo Senhor; essas são

as razões pelas quais a tradição mosaica merece toda fé,
principalmente no que se refere à autenticidade dos
acontecimentos históricos ou iniciáticos que revela.
Entretanto é necessário dizer que o Gênese possui,
também, contraditores, no que se refere à sua autoria pois que,
segundo uns, ao escrevê-lo, o profeta valeu-se de tradições
correntes entre outros povos orientais como caldeus, persas e
hindus, já existentes muito antes da época em que ele mesmo
viveu.
Segundo outros, o profeta não copiou propriamente essas
tradições, mas foram elas introduzidas no livro, em épocas
diferentes, conforme ia evoluindo entre os próprios hebreus a
concepção que faziam da divindade criadora, concepção essa
que, cronologicamente, passou de "eloísta" (muitos deuses),
para "javista" (mais de um deus) e desta para "jeovista" (um só
deus).
Realmente, há muitas semelhanças em algumas dessas
tradições, mormente no que se refere, por exemplo, ao dilúvio
asiático, à criação do primeiro casal humano, etc.
Também não há dúvida que as interrupções, mudanças de
estilo e as repetições observadas nos capítulos VII e VIII dão
fundamento a essa suposição de duplicidade de autores.
Vejam-se, por exemplo, no Cap. VII, do Gênese, as
repetições dos versículos 6 e 11, 7 e 13,12 e 17, 21 e 23 e no
cap. VIII, versículos 3 e 5.
11 - "No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo
... as janelas dos céus se abriram."

7 - "E entrou Noé e seus filhos, e sua mulher e as
mulheres de seus filhos com ele na arca."
13 - "E no mesmo dia entrou Noé e Sem e Câm e Jafé,
os filhos de Noé, como também a mulher de Noé e as três
mulheres de seus filhos com ele na arca."
12 - "E houve chuva sobre a terra quarenta dias e
quarenta noites."
17 - "E esteve o dilúvio quarenta dias sobre a terra e
cresceram as águas..."
21 - "E expirou toda a carne que se movia sobre a terra,
tanto de ave como de gado e de feras e de todo réptil que se
roja sobre a terra e todo homem..."
23 - "Assim foi desfeita toda substância que havia sobre
a face da terra, desde o homem até o animal, até o réptil, e até
as aves do céu."
Cap. VIII
3 - "E as águas tornaram de sobre a terra continuamente
e ao cabo de cento e cinqüenta dias minguaram."
5 - "E foram as águas indo e minguando até o décimo
mes...
Cap. VII
6 - "E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o
dilúvio das águas veio sobre a terra."
Como se vê destas ligeiras citações, as repetições com
estilo e redação diferentes são sobejamente evidentes para se
admitir que houve realmente, interpolações e
acrescentamentos nestes textos.

Mas, como quer que seja, isto é, tenha o profeta copiado
as tradições orientais (no que, aliás, não há nada a estranhar,
porque as verdades não se inventam, mas, unicamente, se
constatam e perpetuam) ou tenha o livro sido escrito em épocas
diferentes, por acréscimos trazidos por outras gerações de
interessados, de qualquer forma estas tradições são veneráveis,
e a obra de Moisés, até hoje, nunca foi desmerecida, mas, ao
contrário, cada dia ganha mais prestígio e autoridade, podendo
nos oferecer valioso testemunho dos acontecimentos que
estamos comentando.
Ultimamente tem surgido também documentação de
caráter mediúnico, segundo a qual os ensinamentos verdadeiros
do profeta, após sua morte no Monte Nebo, foram recolhidos
por seu discípulo Essen e conservados religiosamente por seus
continuadores- os essênios -nos diferentes santuários que
possuíam na Palestina e na Síria, como sejam o do Monte
Hermon, do Monte Carmelo, de Quarantana, do Monte Nebo e
de Moab.
Mas, quanto à Gênese o testemunho da descida dos
capelinos está ali bem claro e patente nos seus primeiros
capítulos e, por isso, estamo-nos apoiando neles com perfeita
confiança, como base remota de documentação histórico-
religiosa.

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