domingo, 20 de janeiro de 2008

No Tempo Dos Primeiros Homens

Hoje, não mais se ignora que os seres vivos, suas formas,
estrutura, funcionamento orgânico e vida psíquica, longe de
serem efeitos sobrenaturais ou fruto de acasos, resultam de
estudos, observações e experimentações de longa duração,
realizados por entidades espirituais de elevada hierarquia,
colaboradoras diretas do Senhor, na formação e no
funcionamento regular, sábio e metódico, da criação divina.
O princípio de todas as coisas e seres é o pensamento
divino que, no ato da emissão e por virtude própria, se
transforma em leis vivas, imutáveis, permanentes.
Entidades realmente divinas, como intérpretes, ou melhor,
executoras dos pensamentos do Criador, utilizam-se do Verbo
- que é o pensamento fora de Deus - e pelo Verbo plasmam
o pensamento na matéria; a força do Verbo, dentro das leis, age
sobre a matéria, condensando-a, criando formas, arcabouços,
para as manifestações individuais da vida.
O pensamento divino só pode ser plasmado pela ação
dinâmica do Verbo, e este só pode ser emitido por entidades
espirituais individualizadas - o que o Absoluto não é -
intermediárias existentes fora do plano Absoluto, as quais
possuam força e poder, para agir no campo da criação universal.
Assim, quando o pensamento divino é manifestado pelo
Verbo, ele se plasma na matéria fundamental, pela força da

* Ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perfis. 27 e 27-a. (Nota da
Editora)

mesma enunciação, dando nascimento à forma, à criação visível,
aparencial.
Sem o Verbo não há essa criação, porque ela, não se
concretizando na forma, é como se não existisse; permaneceria
como pensamento divino irrevelado, no campo da existência
abstrata.
Ora, para a criação da Terra o Verbo foi e é o Cristo.
Paulo, em sua epístola aos Efésios, 3:9, diz: "Deus, por
Jesus Cristo, criou todas as coisas."
E João Evangelista muito bem esclareceu:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e
o Verbo era Deus." (Jo,1:1)
Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do
que foi feito se fez." (Jo,1:3)
Por isso é que o Divino Mestre disse:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai
senão por mim." (Jo,14:6)
Assim, pois, formam-se os mundos, seres e coisas, tudo
pela força do Verbo, que traduz o pensamento criador, segundo
as leis que esse mesmo pensamento encerra.
Noutras palavras:
O Absoluto, pelo pensamento, cria a vida e as leis, e
entidades espirituais do plano divino, pela força do Verbo,
plasmam a criação na matéria, dão forma e estrutura a todas as
coisas e seres e presidem sua evolução na Eternidade.
Na gênese cósmica no que se refere à Terra, a ação do
Verbo traduziu o pensamento criador, a seu tempo, na
constituição de uma forma globular fluídica emanada do Sol

central que veio situar-se, no devido ponto do sistema
planetário, como novo recurso de manifestações de vida para
seres em evolução.
Circundando a Terra formou-se uma camada fluídica, de
teor mais elevado, destinada a servir-lhe de limitação e
proteção, como também de matriz astral para a elaboração das
formas vivas destinadas a evoluir nesse mundo em formação.
Nessa camada se continham os germes dos seres,
conforme foram concebidos pelos Espíritos Criadores das
Formas, representando tipos-padrões, fluidicamente plasmados
para futuros desenvolvimentos.
E, com o tempo, progredindo a condensação da forma
globular, segundo as leis que regem a criação universal, os gases
internos emanados do núcleo central subiam à periferia do
conjunto, onde eram contidos pela camada protetora, e daí,
condensados pelo resfriamento natural, caíam novamente sobre
o núcleo, em forma líquida, trazendo, contudo, em suas malhas
(se assim podemos dizer) os germes de vida ali existentes.
Esses germes, assim veiculados, espalharam-se pela
superfície do globo em formação, aguardando oportunidade
de desenvolvimento; e quando, após inúmeras repetições desse
processo de intercâmbio, a periferia do globo ofereceu,
finalmente, condições favoráveis de consistência, umidade e
temperatura, nela surgiu a matéria orgânica primordial
- o protoplasma - que permitiu a eclosão da vida, com a
proliferação dos germes já existentes, bem como espíritos
humanos em condições primárias involutivas - mônadas -
aptas ao início da trabalhosa escalada evolutiva na matéria, e
outros germes que, segundo a cronologia dos reinos, deveriam,
no futuro, também manifestar-se.

Os seres vivos da Terra, com as formas que lhes foram
atribuídas pelo Verbo e seus Prepostos, apareceram no globo
há centenas de milhões de anos; primeiro nas águas, depois na
terra; primeiro os vegetais, depois os animais, todos evoluindo
até seus tipos mais aperfeiçoados.
Segundo pesquisas e conclusões da ciência oficial, a Terra
tem dois bilhões de anos de existência, tendo vivido um bilhão
de anos em processo de ebulição e resfriamento, após o que e,
somente então, surgiram os primeiros seres dotados de vida.
Até Louis Pasteur (1822-1895), químico e biólogo
francês, a opinião fume dos cientistas sobre a origem dos seres,
era a teoria da geração espontânea, segundo a qual os seres
nascem espontânea e exclusivamente de substâncias materiais
naturais como, por exemplo, larvas e micróbios nascendo de
elementos em decomposição.
Com as pesquisas e conclusões deste eminente sábio
francês o conhecimento se modificou e ficou provado que os
germes nascem uns dos outros, não tendo valor científico a
suposição da geração espontânea, conquanto o problema
continuava ainda de pé em relação ao primeiro ser, do qual os
demais se geraram.
Em 1935 o bioquímico americano Wendell Meredith
Stanley (1904-1971) isolou um micróbio incomparavelmente
mais primitivo que qualquer dos demais conhecidos até então,
e que se reproduzia, mesmo depois de submetido ao processo
de cristalização. Como, até então, nenhum ser vivo pudera ser
cristalizado e continuar a viver, daí se concluiu que o ser em
questão era um intermediário entre a matéria inerte e a matéria
animada pela vida; admitiram os pesquisadores que esse fato

veio preencher a grande lacuna existente entre os seres vivos
mais atrasados e as mais complexas substâncias orgânicas
inanimadas como, por exemplo, as proteínas.
Esse ser seria então, academicamente falando, o ponto
de partida para as gerações dos seres vivos existentes na Terra,
os quais, há um bilhão e meio de anos, vêm evoluindo sem
cessar, aperfeiçoando as espécies e suas atividades específicas.
Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do
reino animal, estavam os símios, muito parecidos com os
homens, porém, ainda animais, sem aquilo que, justamente,
distingue o homem do animal, a saber: a inteligência.
Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a
ciência não conseguiu localizar um tipo intermediário de
transição, bem definido entre o animal e o homem.
Descobriu fósseis de outros reinos e pôde classifica-los,
mas nada obteve sobre o tipo de transição para o homem; todo
o esforço se reduziu na exumação de dois ou três crânios
encontrados algures, que foram aceitos, a título precário, como
pertencentes a esse tipo desconhecido e misterioso a que nos
estamos referindo.
Realmente, em várias partes do mundo, foram
descobertos restos de seres que, após exames acurados, foram
aceitos como pertencentes a antepassados do homem atual.
Segundo a ciência oficial, quando o clima da Terra se
amenizou, em princípios do Mioceno* (uma das quatro grandes

* Para melhor visualização deste e de outros períodos geológicos, favor
consultar a Fig. 7 do Apêndice, com datas e informações atualizadas de
acordo com as informações científicas mais recentes. (Nota da Editora)

divisões da Era Terciária, isto é, o período geológico que
antecedeu o atual) e os antigos bosques tropicais começaram
a ceder lugar aos prados verdes, os antigos seres vivos que
moravam nas árvores foram descendo para o chão, e aqueles
que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual
descende o homem atual.
Entre estes últimos (que conseguiram erguer-se)
prevaleceu um tipo, que foi chamado Procônsul, mais ou
menos há 25 milhões de anos, o qual era positivamente um
símio.
E os tipos foram evoluindo até que, mais ou menos há
um milhão e meio de anos, surgiram as espécies mais
aproximadas do tipo humano.
Realmente, na Ásia, na África e na Europa foram
descobertos esqueletos de antropóides (macacos semelhantes
ao homem) não identificados.
Nas camadas do Pleistoceno* inferior, também chamado
Paleolítico (período antigo da Era da Pedra Lascada) e no
Neolítico (Era da Pedra Polida) vieram à luz instrumentos,
objetos e restos de dentes, ossos e chifres, cada vez mais bem
trabalhados.
Em 1807 surgiu em Heidelberg (Alemanha) um maxilar
inferior um tanto diferente dos tipos antropóides; até que
finalmente surgiram esqueletos inteiros desses seres,
permitindo melhores exames e conclusões.
Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um
homem, que andavam de pé, tinham cérebro pouco desenvolvido
as quais foram chamadas Pitecantropo, ou Homem de Java, que

* 0 Pleistoceno corresponde ao começo da Era Quaternária, tempos
chamados pré-históricos.

viveram entre 550 e 200 mil anos atrás. Em seguida surgiu o
Sinantropo, ou Homem de Pequim, de cérebro também muito
precário.
Mais tarde surgiram tipos de cérebro mais evoluídos que
viveram de 150 a 35 mil anos atrás e foram chamados de
Homens do Rio Solo (Polinésia); de Florisbad (África do Sul);
da Rodésia (África) e o mais generalizado de todos, chamado
Homem de Neandertal (Alemanha), cujos restos, em seguida,
foram também encontrados nos outros continentes.
Como possuíam cérebro bem maior foram chamados
"Homo Sapiens", conquanto tivessem ainda muitos sinais de
deficiências em relação à fala, à associação de idéias e à
memória.
O Neandertal foi descoberto em camadas do Pleistoceno
médio mas, logo depois, no Pleistoceno superior surgiram
esqueletos de corpo inteiro e de atitude vertical, como, por
exemplo, o tipo negróide de Grimaldi, o tipo branco do Cro-
Magnon (pertencente à Quarta Raça, Atlante) e o tipo
Chancelade.
E por fim foram descobertos os tipos já bem
desenvolvidos chamados Homens de Swanscombe
(Inglaterra), o de Kanjera (África) o de Fontéchevade
(França), todos classificados como "Homo Sapiens sapiens",
isto é, "homens verdadeiros".
Ainda hoje existem na Rodésia (África) tipos semelhantes
ao Neandertal, que levam vida bestial e possuem crânio
dolicocéfalo* (ovalado) com diâmetro transversal menor que
o diâmetro longitudinal.

* Dolicocéfalo =tipo humano cuja largura de crânio tem quatro quintos do
seu
comprimento (cf. Novo Dicionário Aurélio, Nova Fronteira). (Nota da
Editora)

Estes tipos, estudados e classificados pela ciência,
conquanto tenham servido de base para suas investigações e
conclusões, não valem todavia como prova da existência do
tipo de transição.
Na realidade, a ciência ignora a data e o local do
aparecimento do verdadeiro tipo humano, como também ignora
qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal.
O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluído e o
homem primitivo, se perde entre o Pitecantropo, que era bestial,
e o Homo Sapiens que veio 400 mil anos mais tarde.
Em resumo, eis a evolução do tipo humano:
- Símios ou primatas;
-Tipo evoluído de primata-Procônsul-25 milhões
de anos.
- Homo Erectus - Pitecantropo e Sinantropo - 500
mil anos.
- Homo Sapiens - Solo, Rodésia, Florisbad,
Neandertale - 150 mil anos.
- Homo Sapiens sapiens - Swanscombe, Kanjera,
Fontéchevade, Cro-Magnon e Chancelade-35 mil anos.
É bem de ver que se houvesse existido esse tipo

* Nos anos 90, exames de DNA provaram que o Neandertal é uma
ramificação separada da espécie humana, embora seja evidentemente
uma evolução dos símios primitivos. Veja também informações atualizadas
de datas, para as espécies, na Fig. 8 do Apêndice. (Nota da Editora)

intermediário, inúmeros documentos fósseis dessa espécie
existiriam, como existem de todos os outros seres vivos, e,
assim, como houve e ainda há inúmeros simios, representantes
do ponto mais alto da evolução dessa classe de seres, também
haveria os tipos correspondentes, intermediários entre uns e
outros.
Se a ciência, até hoje, não descobriu esses tipos
intermediários é porque eles realmente não existiram na
Terra: foram plasmados em outros planos de vida, onde os
Prepostos do Senhor realizaram a sublime operação de
acrescentar ao tipo animal mais perfeito e evoluído de sua
classe os atributos humanos que, por si sós - conquanto
aparente e inicialmente invisíveis - dariam ao animal condições
de vida enormemente diferentes e possibilidades evolutivas
impossíveis de existirem no reino animal, cujos tipos se
restringem e se limitam em si mesmos.
Sobre assunto de tão delicado aspecto ouçamos o que
diz o instrutor Emmanuel, em comunicação recebida, em 1937,
pelo médium Francisco Cândido Xavier e que transcrevemos in
leteris:
"Amigos, que a paz de Jesus descanse sobre vossos
corações.
Segundo estudos que pude efetivar em companhia de
elevados mentores da espiritualidade, posso dizer-vos
francamente que todas as formas vivas da natureza estão
possuídas de princípios espirituais. E princípios que evoluem
da alma fragmentária até à racionalidade do homem. A
razão, a consciência, "a noção de si mesmo" constituem na
individualidade a súmula de muitas lutas e de muitas dores,
em favor da evolução anímica e psíquica dos seres.

O processo, portanto, da evolução anímica se verifica
através de vidas cuja multiplicidade não podemos imaginar,
nas nossas condições de personalidades relativas, vidas
essas que não se circunscrevem ao reino hominal, mas que
representam o transunto das mais várias atividades em todos
os reinos da natureza:
Todos aqueles que estudaram os princípios de
inteligência dos considerados absolutamente irracionais,
grandes benefícios produziram, no objetivo de esclarecer
esses sublimes problemas, do drama infinito do nosso
progresso pessoal.
O princípio inteligente, para alcançar as cumeadas da
racionalidade, teve de experimentar estágios outros de
existência nos planos de vida. Os protozoários são embriões
de homens, como os selvagens das regiões ainda incultas
são os embriões dos seres angélicos. O homem, para atingir
o complexo de suas perfeições biológicas na Terra, teve o
concurso de Espíritos exilados de um mundo melhor para o
orbe terráqueo, Espíritos esses que se convencionou chamar
de componentes da raça adâmica, que foram em tempos
remotíssimos desterrados para as sombras e para as regiões
selvagens da Terra, porquanto a evolução espiritual do
mundo em que viviam não mais a tolerava, em virtude de
suas reincidências no mal. O vosso mundo era então povoado
pelos tipos do "Primata hominus ", dentro das eras da
caverna e do sílex, e essas legiões de homens singulares,
pelo seu assombroso e incrível aspecto, se aproximavam
bastante do "Pithecanthropus erectos ", estudado pelas
vossas ciências modernas como um dos respeitáveis
ancestrais da humanidade.
Foram, portanto, as entidades espirituais a que me

referi que, por misericórdia divina e em razão das novas
necessidades evolutivas do planeta, imprimiram um novo
fator de organização às raças primigênias, dotando-as de
novas combinações biológicas, objetivando o
aperfeiçoamento do organismo humano.
Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles
também, como nós, vêm de longe, através de lutas
incessantes e redentoras e são, como nós, candidatos a uma
posição brilhante na espiritualidade. Não é em vão que
sofrem nas fainas benditas da dedicação e da renúncia, em
favor do progresso dos homens.
Seus labores, penosamente efetivados, terão um prêmio
que é o da evolução na espiritualidade gloriosa. Eles, na
sua condição de almas fragmentárias no terreno da
compreensão, têm todo um exército de protetores dos planos
do Alto, objetivando a sua melhoria e o amplo
desenvolvimento de seu progresso, em demanda do reino
hominal.
Em se desprendendo do invólucro material, encontram
imediatamente entidades abnegadas que os encaminham na
senda evolutiva, de maneira que a sua marcha não encontre
embaraços quaisquer que os impossibilitem de progredir,
como se torna necessário, operando-se sem perda de tempo
a sua reencarnação.
Qual a forma animal que se acha mais vizinha do
homem?
O macaco, tão carinhosamente estudado por Darvin
nas suas cogitações filosóficas e científicas, é um parente
próximo das criaturas humanas, falando-se fisicamente,
com seus pronunciados laivos de inteligência; mas a

promoção do princípio espiritual do animal à racionalidade
humana se processa fora da Terra, dentro de condições e
aspectos que não posso vos descrever, dada a ausência de
elementos analógicos para as minhas comparações.
E que Jesus nos inspire, esclarecendo as nossas mentes
em face de todas as grandiosidades das leis divinas,
imperantes na Criação. "
Assim, pois, quando essa operação transformadora se
consumou fora da Terra, no astral planetário ou em algum mundo
vizinho, estava ipso facto criada a raça humana, com todas as
suas características e atributos iniciais, a Primeira Raça-Mãe,
que a tradição espiritual oriental definiu da seguinte maneira:
"espíritos ainda inconscientes, habitando corpos fluídicos,
pouco consistentes".
Fig. 2' - Tipos do Paleolítico - Evolução do Homem
Piteeantropo Sinantropo Homo Sapiens Homo Sapiens
sapiens
(Homem de Java) (Homem de Pequim) (Homem de Neandertal)
(Homem de Cro-llagnon)
***
* (Fonte: História da Civilização Ocidental, E. M. Bums, Edit. Globo,
2ª ed.)

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